A atriz e produtora Lucélia Santos esteve em Três Coroas entre os dias 18 e 23 para as gravações do filme “Um amor do outro lado do mundo”, com a participação da Diler e Associados e direção de Moacyr Góes com patrocínio da Petrobrás. As filmagens aconteceram no templo budista de Três Coroas Chagdud Khadro Ling. O projeto será dividido em dois longas para o cinema e uma minissérie de quatro capítulos para a televisão.
Há dez anos a atriz possuía o projeto desse filme, que teve cenas filmadas na China. As cenas feitas em Três Coroas devem fazer parte da etapa final da filmagem. O budismo é essencial em “Um amor do outro lado do mundo”, a história de um garoto que procura suas origens do outro lado do mundo, em busca de um avô mítico que não conheceu – a avó é brasileira.
A previsão é estrear o primeiro longa em junho.
Sinopse do filme
Primeiro filme – 1990
Luiza, 35 anos, é uma jornalista de faro aguçado, que busca, através de matérias contundentes, desmascarar as várias faces da impunidade. Ela trabalha na redação de uma revista com Gisele, fotógrafa da casa e sua melhor amiga. E vive um casamento desgastado com Cláudio, um artista plástico que não compreende a incapacidade de Luiza em conciliar a paixão pela profissão com sua vida pessoal.
Durante uma viagem a trabalho, para uma fazenda no interior de São Paulo, Luiza descobre uma vila abandonada, na qual outrora moravam imigrantes chineses que trabalhavam na plantação. No interior de uma dessas casas abandonadas, Luiza conhece Ming, uma jovem chinesa que lhe conta uma visão premonitória.
O encontro com aquela misteriosa mulher deixa Luiza atordoada. Através de antigos livros de registro da Fazenda, Luiza descobre a verdadeira história da jovem chinesa. Em 1954, Ming, então casada com Zheng, foi estuprada por um outro chinês e decidiu esconder esse segredo de todos, até mesmo do marido.
Algum tempo depois, se descobriu grávida. O chinês, ao saber do nascimento da criança, quis tomá-la para si, mas Zheng surgiu de repente e, numa briga, acabou matando o rapaz. Antes de morrer, porém, o jovem chinês fez a revelação de que o filho não era Zheng e que Ming o traía. Atordoado, Zheng fugiu com a criança, de volta para a China.
Luiza volta para a casa abandonada. A descoberta de que Ming é um espírito mexe com tudo que ela acredita. Sem saber o que fazer, pega um velho cartaz chinês preso à parede, com a foto de um artista de circo.
Instigada, Luiza consegue convencer seu redator Lélio a enviá-la, junto com Gisele, para a China, como correspondente, para cobrir uma matéria de negócios. Chegando em Pequim, Luiza avisa à Gisele que ela vai fazer uma viagem para uma cidade do interior, para descobrir mais sobre o passado de Ming.
Pelo caminho, descobre as dificuldades de uma língua e cultura completamente diferentes. Sua obstinação, entretanto, acaba levando-a ao encontro da cidade cuja foto aparecia no antigo cartaz.
No local, Luiza visita uma escola de circo na área rural, onde conhece o rapaz da foto. Para sua surpresa, ele fala um português precário. Diz que se chama Tching e que sabe fala um pouco a língua dela, porque seus pais moraram no Brasil na década de 50. Tching promete ajudá-la no que for preciso e a leva para ser apresentada a seu pai, Zheng. O velho se assusta quando descobre os motivos da vinda de Luiza e entra em crise, expulsando-a de sua casa. Tching começa a desconfiar que não sabe toda a verdade sobre a história de sua família.
Luiza resolve voltar para Pequim. Despede-se de Tching, mas pede que ele a procure caso precise. Começa a surgir um clima entre eles.
De volta ao Brasil, Luiza retoma sua vida cotidiana, mas não consegue esquecer as lembranças da China, principalmente de Tching. Certo dia, na redação, ela recebe uma ligação dele, dizendo que virá ao Brasil para descobrir mais sobre sua mãe.
Os dois retornam à fazenda paulista. Durante uma noite chuvosa, eles vêem a jovem Ming e Tching fica desnorteado ao descobrir a verdade sobre sua mãe.
Já no Rio de Janeiro, Luiza hospeda Tching em sua casa. Claudio, enciumado, decide ir embora. Nessa mesma noite, Gisele, uma jovem prostituta, pede a Luiza para passar em noite lá também, pois ela está sendo ameaçada de morte desde que deu um depoimento sobre a indústria da prostituição para Luiza.
No dia seguinte, Luiza e Tching fazem um passeio pela praia e acabam se beijando. Mais tarde, descobrem que Gisele foi assassinada. Luiza fica muito abalada. Os dois discutem os problemas sociais do Brasil. Tching decide levar Luiza para conhecer o templo budista do sul, o GONPA, onde um amigo seu tornou-se monge.
Luiza fica encantada com a energia espiritual que o local exala. Numa noite, ela e Tching fazem amor. Tching não consegue esquecer o história do pai e decide voltar à China para colocar tudo a limpo. Meses depois, Luiza descobre estar grávida. Ela resolve, então, retornar à China e contar para Tching .
Chegando lá, Luiza testemunha a discussão de Tching com o dono do terreno do circo, que quer o local de volta, para construir ali um centro empresarial. Ele conta a discussão que tivera com seu pai, que acabou indo embora, para um local desconhecido.
Ela conta sobre a gravidez e Tching, exultante, decide morar com Luiza na comunidade budista no Brasil. Num terreno cedido, eles constróem outra escola de circo. Luiza e Tching fazem da escola um local de amor à vida e ao próximo.
Luiza tem uma gravidez complicada. Toda a comunidade se empenha em orar por ela e pelo bebê. A criança nasce prematura, mas sã. É um dia festa para todos.
Segundo Filme – 2007
Luiza, agora, é uma ativista reconhecida mundialmente pela luta em prol da dignidade da mulher em vários países do terceiro mundo.
Durante uma pequena folga em sua agenda, ela vai até uma pequena cidade chinesa para encontrar com Tao, seu filho, agora com 17 anos. Tao está vivendo num monastério budista, preparando-se para a vida monástica.
Num passeio, Luiza e Tao são surpreendidos por uma forte ventania. Ming aparece novamente para Luiza e lhe entrega um misterioso cartão. Incomodada com a aparição de Ming após tantos anos, ela resolve procurar a loja de porcelanas descrita no papel.
Lá, Luiza conhece Liu, jovem chinesa casada com Huang, dono do local. Liu faz as pinturas dos vasos. Através delas, extravasa a difícil relação que vive com o marido. Zheng trabalha nessa mesma loja ,e ao avistar Luiza, esconde-se. A jornalista compra algumas peças e pede que as mesmas sejam entregues no hotel.
Já em seu quarto, Luiza recebe a visita de Tao no mesmo momento em que Huang chega com os vasos comprados pela manhã. Tao reconhece na porcelana desenhos que ele vê constantemente em seus sonhos. Fica curioso e resolve ir até a loja.
A partir do momento em que Tao conhece Liu, surge um sentimento de afeição entre eles. No dia seguinte, ele a convida para um passeio. Zheng tenta dissuadi-la da idéia, preocupado com a reação de Huang mas a jovem pede que ele minta.
Tao e Liu caminham à beira de um rio, próximo a uma cabana, onde no passado aconteceu uma trágica história de amor. Liu aproveita para falar sobre sua relação com o Huang e o casamento arranjado pelos pais.
Quando Liu retorna à loja, Huang a espera, bêbado. Ela mente sobre onde estava e vai embora, antes que ele faça mais perguntas.
Luiza volta para Shanghai para acompanhar uma comitiva de chineses durante uma visita a prédios modernos. Na Biblioteca, pesquisa a vida das mulheres na China.
Após a visita, Luiza aproveita outra folga para encontrar Tao novamente e percebe um clima entre ele e Liu. Conhecendo as tradições chinesas, fica preocupada e pede para que Liu se afaste de seu filho. A jovem nega qualquer envolvimento com ele e Zheng, escondido, descobre que Tao é seu neto.
Sem saber como agir, Luiza liga para Tching, que está no Brasil administrando a escola de circo. Ele decidi ir ao encontro dela para tentar resolver a situação. Ao descobrir a intromissão da mãe, Tao se irrita.
À noite, ele vai procurar Liu na loja para dizer que eles precisam se afastar. Nessa hora, Huang aparece e briga com Tao, que vai embora. Descontrolado, Huang bate em Zheng e Liu.
Zheng e Luiza ficam, finalmente, frente a frente quando ele aparece no hotel para avisar que Tao corre perigo. No dia seguinte, acompanhada de Tching, recém-chegado do Brasil, Luiza sai à procura do filho pela cidade.
Huang chega bêbado na loja, curra Liu e vai embora, prometendo vingança. Procura por Tao no hotel e no Monastério, sem sucesso. Zheng diz a Liu que vai embora da loja. Ela tenta impedi-lo. Pede conselhos e informa o paradeiro de Tao.
Zheng o encontra desfalecido na beira do rio. Observa em seus pés a mesma marca de nascença que ele possui. Percebe, então, o erro que cometera ao renegar Tching como seu filho legítimo e acusar Ming de traição.
No dia seguinte, Huang chega bêbado na loja novamente e descobre, através de um desenho no vaso pintado por Liu, o paradeiro de Tao.
Anoitece, Huang chega armado e bêbado ao local da cabana e começa um discussão com Liu e Tao. Chegam Tching, Luiza e Zheng. Todos se envolvem na briga e Zheng acaba sendo baleado. Tching parte para cima de Huang e, num impulso, o mata.
No Hospital, Zheng, à beira da morte, pede perdão para Tching, faz um último pedido a Luiza e falece. Tao e Liu se encontram para uma despedida. Ele sugere que ela vá para o Brasil morar com seus pais.
Tao retorna definitivamente para o Monastério.
Liu, agora no Brasil, trabalha em suas pintura, enquanto Tching dá suas aulas de circo.
Luiza faz uma última viagem à fazenda de café, aonde tudo começou. Lá, ela prepara um altar. Ming surge e agradece a ela, emocionada, por realizar o último pedido de Zheng.
