Com reformas recentes, local passará a ser modelo em destinação de resíduos.
Considerada por especialistas como um dos mais sérios problemas ambientais da atualidade, a destinação final de lixo tornou-se motivo de dor de cabeça em qualquer lugar do mundo. E a situação se agrava com as transformações sociais; o rápido crescimento da população e as mudanças nos hábitos de consumo resultam em óbvio e considerável aumento na produção dos resíduos urbanos.
No Vale do Paranhana, os 23 mil três-coroenses contam com um sistema completo de coleta e tratamento, que pode servir como “um modelo para outros municípios do país”, afirma Leandro Batista Yokomizo, técnico do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que esteve na última semana averiguando o funcionamento da Usina de Lixo de Três Coroas.
Localizada na Linha 28, no alto do Morro Ceroula, a usina teve que passar por reformas para que pudesse se enquadrar nas leis estabelecidas pelo MMA e pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que também esteve representada durante a inspeção. De acordo com o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Claudiomiro Forti, a impressão causada nos técnicos foi boa: “Eles ficaram admirados com o que nós fizemos aqui”, conta Forti. Sobre os critérios, dois aspectos principais foram considerados: a parte ambiental, avaliando a estrutura de funcionamento e a parte social, levando em conta as condições do ambiente de trabalho dos funcionários.
Atualmente, a usina conta com central de triagem, área com maquinários – onde o lixo orgânico é peneirado –, um local coberto para compostagem, áreas de seleção, prensa e de depósito para o lixo seco. A estrutura, além de ser suficiente para a perfeita execução dos processos de destinação dos resíduos, conta também com refeitório e vestiário para os trabalhadores.
O secretário salienta que atingir esse resultado demanda muita dedicação e esclarecimento. “Nós buscamos informações sobre o que tínhamos que fazer. Corremos atrás da própria Fepam e de outras prefeituras para ver o que estava sendo feito. Com isso pronto, precisamos dar um passo adiante”, disse Forti, declarando que este passo será o de começar a projetar um sistema de coleta seletiva eficiente no município.
Futuro
Atuando como Procuradora do Município, Mônica Henrique Cardoso acompanhou a visita dos técnicos da Fepam e do MMA, especializado em ambiente urbano, Leandro Batista Yokomizo. Ela afirma que no momento da visita, Yokomizo se mostrou bastante satisfeito com o que viu e que não apontou qualquer irregularidade no projeto. No entanto, salienta, um parecer formal deverá ser emitido pelo MMA e cerca de 30 dias.
Por fim, tanto secretário quanto procuradora concordam que o valor e o tempo investidos no projeto devem refletir em mudanças futuras. Sendo assim, a Prefeitura deverá trabalhar a idéia de ampliar o campo de atuação para atingir também a educação, usando a área como um centro de ensino ambiental. “Tudo será feito para que a usina não apenas cumpra sua função de tratar dos resíduos, mas que se torne uma referência em educação ecológica”, afirmou o prefeito Rogério Grade, ao esclarecer que o objetivo primordial da proposta é ampliar a consciência da população sobre a questão ambiental e os cuidados com o lixo.
Reciclagem
Em Três Coroas, todos os dias, cerca de dez mil quilos de lixo são coletados. Quando chegam à usina, os sacos contendo todo o tipo de resíduo são separados por funcionários da empresa Cone Sul – uma firma terceirizada responsável também pela reciclagem e transporte dos resíduos até o destino final. Oito pessoas trabalham no local, além dos operadores de máquinas da Prefeitura e dos agentes de coleta.
Passando por uma esteira, o lixo orgânico é separado do seco. Após ser prensado por máquinas, o material seco é transformado em grandes blocos de latas, garrafas ou papéis. O material orgânico, no entanto, passa por um processo muito mais complexo. Primeiro, um grande cilindro vazado peneira o material. O que resultar disto será usado no trabalho chamado compostagem. Este consiste na transformação do rejeite orgânico em adubo. O processo biológico dura, no mínimo, 60 dias, em que o resíduo fica protegido da umidade para facilitar a ação dos microorganismos na decomposição.
Finalmente, após cerca de dois meses, o material da compostagem se transforma no composto (um material semelhante ao solo) pode ser pode ser utilizado como fertilizante. Esse composto substitui com maior economia e eficiência o chamado composto químico, adquirido por altos preços no comércio. Em Três Coroas, a Prefeitura aplica o composto nos canteiros distribuídos pela cidade, ou o troca por mudas de outras plantas.